Escolas do Crime...

Tlahui-Politic 10 II/2000. Información enviada a Mario Rojas, Director de Tlahui. Brasil, a 23 de Julio, 2000.

Saiu um 'artigo' de Eduardo Galeano na ultima Caros Amigos que de tão bom transcrevo uma parte dele.

1- Ficará o mundo sem professores?

Conforme informa o jornal The Times of India, uma Escola do Crime está funcionando, com pleno sucesso, na cidade de Muzaffarnagar, a oeste do Estado indianode Utar Pradesh.

Ali se oferece aos adolescentes uma formação de alto nível par ganhar muito dinheiro e fácil. Um dos três diretores, o educador Susheel Mooch, está encarregado do curso mais sofisticado que inclui, entre outras matérias, o estudo de seqüestros, extorsões e execuções. Os outros dois tratam de matérias mais convencionais. Todos os cursos incluem trabalhos práticos.

Por exemplo, o ensino de como roubar em grandes avenidas e auto-estradas. Os estudantes, encapuzados, atiram algum objeto metálico em cima do automóvel que escolheram; o barulho faz o motorista parar, intrigado, aí então se procede ao assalto propriamente dito, sob supervisão do docente.

Segundo os diretores, essa escola foi criada para responder a uma necessidade do mercado e para cumprir uma função social, já que o mercado exige níveis cada vez mais altos de especialização na área do delito e já que a educação para o crime é a única que propicia aos jovens um trabalho certo, bem remunerado e permannte.

Receio que afinal tenham razão. E me dá pânico pensar que esse exemplo termine por se propagar pela Índia e pelo mundo inteiro. O que será - imagino - dos pobres professores das escolas tradicionais, já castigados por salários de fome e pela pouca ou nenhuma atenção que os alunos lhe prestam? Quantos mestres poderão se reciclar e adaptar às prementes exigências da modernidade? De todos que conheço, nenhum. Me consta que são incapazes de matar sequer uma mosca e o talento que têm não dá nem para assaltar uma velhinha órfã e paralítica. O que esses inúteis poderão ensinar no mundo de amanhã?

1- Ficará o mundo sem presidentes?

Diz-se que um presidente de um país latino-americano viajou a Washington para entabular negociações sobre a dívida de seu país. Ao voltar, anunciou ao povo que tinha uma notícia boa e uma ruim para dar:

- A notícia boa é que não devemos mais um centavo. A ruim é que nós todos, os habitantes daqui, temos 24 horas para deixar o país.

Os países pertencem a seus credores. Os devedores lhes devem obediência e o bom comportamento se demonstra praticando o socialismo, mas um socialismo ao contrário: privatizando os ganhos e socializando as perdas.

- Fazemos bem nossos deveres de casa - disseram, com poucos meses de diferença, Carlos Menem, quando era presidente da Argentina, e seu colega mexicano Ernesto Zedillo.

Daqui a pouco, se continuarmos nesse passo, vamos privatizar o ar também e logo virão os experts nos dizer que quem não paga pelo ar não sabe aquilatar seu valor e, portanto, nao merece respirar. Tudo ou quase tudo foi privatizado, citemos por acaso, na Argentina, no Brasil, no Chile e no México. Nos quatros países disseram que não havia mais remédio a não ser privatizar para pagar a dívida externa - e os quatro devem, agora, o dobro do que deviam há dez anos.

Essa é outra forte angústia: fico sem sono só de pensar premonitoriamente que , qualquer dia desses, os banqueiros credores desalojarão os presidentes de seus lugares e se sentarão em suas poltronas presidenciais aos gritos de : "Basta de intermediários!"

E noite após noite rolo entre lençõis perguntando a mim mesmo onde irá parar toda essa gente. Onde conseguirão emprego? Toda essa mão-de-obra tão altamente especializada? Os presidentes será que aceitarão qualquer trabalho que aparecer? A fila para trabalhar no Mc Donald's já está compridíssima.

Eduardo Galeano
Trancrito por Leo.
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From: Anarkiisto anarquista@yahoo.com
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