Ameacas do Comando de Caça aos Comunistas
Tlahui-Politic 10 II/2000. Información enviada a Mario Rojas, Director de Tlahui. Brasil, a 10 de Octubre, 2000. Ameacas do Comando de Caça aos Comunistas.
Companheiros e companheiras:
favor, se for o caso, encaminhar vossas assinaturas ao Abaixo-assinado
para a CUT/RJ (cutrj@alternex.com.br) ou Grupo Tortura Nunca Mais
(gtnm@alternex.com.br)
Companheiros e companheiras:
Segue abaixo a denúncia/abaixo assinado preparado pelo Grupo Tortura Nunca
Mais, um relato
preparado por mim e, a carta de ameaça estah em
http://www.cce.ufes.br/~rene/www/image/Carta_ccc.gif.
O abaixo assinado deve ser dirigido a organizações do movimento popular e
de direitos humanos.
Para a imprensa, devem ser encaminhados TODOS OS TRÊS MATERIAIS, sem
exceção.
Para qualquer esclarecimento a mais, entrem em contato comigo por e-mail
ou, hoje (10/10) no
telefone da CUT/RJ (518-0541).
Abraço a tod@s,
Maurício.
Relato e esclarecimentos adicionais sobre a carta assinada pelo CCC
(Comando de Caça aos
Comunistas)
A carta chegou por correio à minha residência na terça-feira, 03/10. Vinha
endereçada a mim,
constando como remetente "Carlos Coimbra Cabral" (notar iniciais CCC),
tendo como endereço
de
remetente o endereço de meu trabalho. No envelope está o carimbo da
Agência Central dos
Correios
e a data de postagem 29/09/00.
Sobre alguns fatos citados na carta, deve-se esclarecer o seguinte:
1) No dia 26/09, estávamos nos concentrando na Praça XV para um ato em
frente à Bolsa de
Valores (simultâneo às manifestações que então aconteciam em Praga,
República Tcheca, contra a
reunião do FMI), quando percebemos, distante uns 150 metros, um indivíduo
suspeito tirando
fotografias nossas. Um grupo nosso aproximou-se dissimuladamente para
abordá-lo. Assim que
ele
nos notou, começou a fugir com passo apressado, numa atitude totalmente
suspeita. Continuamos
em
seu encalço.
2) Após contornar o Paço Imperial e a Assembléia Legislativa, o indivíduo
subitamente correu e
entrou num táxi. Corremos também e conseguimos alcançar e cercar o táxi.
Um companheiro, na
afobação, debruçou-se sobre e partiu o pára-brisa lateral do táxi,
exatamente do lado onde estava
o
suspeito. Estranhamente, o motorista não esboçou maior reação a não ser
tentar arrancar, o que
impedimos nos colocando à frente e em torno do veículo.
3) Imediatamente abordei o suspeito pedindo sua identificação e
perguntando porque estava nos
fotografando. Ele recusou-se veementemente a se identificar e disse que só
estava fotografando o
Paço. Quando notei que não adiantava pressionar e que ele não se
identificaria a não ser sob
coação
física violenta, o que não era nossa intenção, disse-lhe que o
liberaríamos desde que ele entregasse
todos os filmes que tivesse. Após alguma insistência ele acabou entregando
os filmes e permitindo
que
revistasse sua bolsa, após o que o liberamos e ao táxi.
4) Colocamos o filme usado imediatamente para revelar e constatamos que o
indivíduo de fato
estava
realizando fotos de identificação de quem se encontrava na concentração.
Pela sequência das fotos
reveladas, ele ficou mais de uma hora nos fotografando de diversos
ângulos.
5) No dia 28/09, na Cinelândia, acontecia uma manifestação contra o Plano
Colômbia (que depois
saiu em passeata em direção ao consulado dos EUA), quando foi percebida e
denunciada a
presença
de um agente federal conhecido, que estava inclusive presente num ato
realizado na segunda-feira
anterior, 25/09, em frente à Polícia Federal, contra a prisão do
companheiro colombiano Oliverio
Medina.
6) Esse agente, conhecido de companheiros do Sintrasef (Sindicato dos
Trabalhadores do Serviço
Público Federal), foi fotografado e abordado, respondendo provocativamente
às nossas
perguntas. A
mim, particularmente, perguntou sobre minha idade, chamando-me de
"garoto"; e depois disse
que, se
alguém fizesse algo contra mim, ele saberia quem foi. Retirou-se do local
sem sofrer nenhuma
violência.
7) Sobre a sequência de atividades em que participei, descrita, com
razoável precisão, na carta,
devo
registrar que a menção à Candelária refere-se à manifestação organizada
pela Frente de Luta
Popular
no dia 29 de agosto, sétimo aniversário da chacina de Vigário Geral,
contra a violência que
atormenta
as comunidades de favelas do Rio de Janeiro. Como todos devem se lembrar,
esta manifestação
foi
objeto de intensa campanha de intimidação por parte do governo estadual, e
em especial do
secretário
Josias Quintal, que ameaçou e cumpriu a ameaça, de colocar enorme
quantidade de policiais e
agentes
filmando e fotografando todo o ato.
Maurício Campos dos Santos
ABAIXO ASSINADO
Solicitamos às entidades, partidos políticos, personalidades e
parlamentares que engrossem este
abaixo-assinado:
"Nós, entidades abaixo relacionadas, vimos denunciar as ameaças que vem
sofrendo o
companheiro
Maurício Campos dos Santos.
Vivemos hoje no Brasil uma incipiente democracia conquistada a duras
penas, após o regime
militar
que prendeu, torturou e assassinou centenas de brasileiros durante quase
vinte anos.
Os responsáveis por essas arbitrariedades, tanto civis quanto militares,
não foram condenados por
seus crimes e sim acobertados pela impunidade que predomina em nosso País,
inclusive durante os
últimos governos civis eleitos.
Os regimes autoritários não se sustentaram no Brasil e nem na América
Latina.
Queríamos, e ainda queremos, um Brasil livre, sem fome, sem desemprego,
sem miséria, onde os
direitos de pensar, falar, de ir e vir sejam efetivamente respeitados.
Entretanto, até hoje isso não foi
conseguido. Daí, a luta dos sem terra, dos sem teto, dos excluídos pelos
direitos do cidadão que
começa a incomodar às elites dominantes e a muitos que, ainda hoje, se
mantêm impunes.
Sabemos
que aqueles que participaram e/ou participam das engrenagens repressivas
só conhecem a
linguagem
da violência e da intimidação.
Estamos nos referindo a um recente episódio que vem sofrendo o engenheiro
MAURÍCIO
CAMPOS DOS SANTOS, militante da FLP - Frente de Luta Popular - ameaçado
por uma carta
assinada pelo CCC - Comando de Caça aos Comunistas.
A carta esquadrinha seus passos, suas atividades políticas, ameaçando-o
veladamente de castigo.
A quem interessa a volta do terrorismo de grupos fascistas, como o CCC ?
Queremos tornar pública nossa indignação e nosso repúdio a este ato
covarde e hipotecamos
nossa
solidariedade ao companheiro Maurício Campos dos Santos em sua luta pela
cidadania e
democracia
em nosso País.
As entidades que assinam esta denúncia afirmam que não se intimidam com
tais ameaças e que
continuam desenvolvendo seus trabalhos por um Brasil mais justo e
fraterno".
Rio de Janeiro, 9 de outubro de 2000.
Asinatura:
Grupo Tortura Nunca Mais/RJ
Programa de Estudos dos Povos Indígenas/UERJ
Programa Cidadania e Direitos Humanos/UERJ
Marcio Malacarne SJ.Campos (SP)
Companheiros e companheiras:
favor, se for o caso, encaminhar vossas assinaturas ao Abaixo-assinado
para a CUT/RJ (cutrj@alternex.com.br) ou Grupo Tortura Nunca Mais
(gtnm@alternex.com.br)
From: Anarquista Agnostico Punk anarquista@yahoo.com
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