As batalhas em Praga, durante o carnava anticapitalista

Tlahui-Politic 10 II/2000. Información enviada a Mario Rojas, Director de Tlahui. República Checa, a 28 de Septiembre, 2000.

Ola pessoal,

Acabei de receber estas informacoes. As batalhas em Praga, durante o carnava anticapitalista, ainda nao acabaram. Isto eh serio. Divulguem ao maior numero de pessoas possivel. Mandem email para o presidente Checo. Nem que seja uma linha: Basta!!!

@[]s,
Rene

Na república checa (em minúsculas) a lei não existe. Às pessoas presas é negado tudo o que a lei checa obriga. A tortura, no seu sentido mais nazi, é praticada. Há pessoas espancadas, privadas de sono, privadas de água, com escoriações e ossos partidos à qual é negada assistência médica, etc, etc, etc...

As autoridades do país não divulgam as listas de prisioneiros às embaixadas dos respectivos países, ao contrário de qualquer convenção internacional. Todos os direitos básicos são negados. Estas práticas estão a ser denunciadas por uma equipa de observadores independentes, aqui em Praga, sem qualquer resultado. É necessário sabotar todos os interesses checos como forma de solidariedade: embaixadas, postos de turismo, ICEP, todos têm que ser informados do que aqui se passa com gente pacífica. Gente que pode até ser o mero turista que ia a passar. Ninguém sabe quem está preso. É necessário que os senhores da Europa, saibam que não queremos esta gente nas suas Uniões Europeias.

É necessário fazer algo... Sê imaginativo... Na noite de ontem, na Praça da cidade velha, eram cerca das 08h30m da noite, ouvia-se o som de tambores e trompetes. Os activistas vinham em clima de festa exigir a liberdade para os companheiros presos (na altura seriam cerca de 600-650). Pararam em frente do relógio solar da Câmara Municipal e tocaram e dançaram enquanto pedia a liberdade para os companheiros presos. Algumas pessoas tinham escrito nas T-Shirts: "Eu também sou um activista contro o Banco Mundial e o FMI, porque é que não me prendem?" O encontro terminou cerca das 22h30m e as pessoas sairam em pequenos grupos. A polícia de choque, que compareceu em grande número, estava escondida dos turistas. Em vielas e atrás de carrinhas, bem ao seu estilo.

À vista apenas alguns polícias de choque (cerca de 50) e outros tantos com as faces coradas e um ar camponeo. À saída era marcado um encontro para o Ministério do Interior para o dia seguinte (hoje) à 10h00m.

Hoje, de manhã, compareci em frente do Ministério do Interior. Havia pouca gente, mas o número foi aumentando e cerca do meio-dia era mais ou menos 200 pessoas (jornalistas incluídos). O ambiente era, de novo, festivo. Cartazes, música e pouca polícia. Alguns na escada do ministério e poucos a controlar o trânsito. Polícia de choque nem vê-la. De facto, ao chegar ao local tinha procurado as carrinhas da polícia de choque, que começa a ser-me familiar, e lá estavam elas escondidas dos olhos dos turistas.

A polícia lançava um ultimato: ou sai toda a gente ou vai toda a gente presa!

Decidi dar a volta ao edifício para ver se já tinha colocado a polícia em posição. De facto, ao virar da esquina dou com eles. Armados, com viseira e bastões, gás e com os fatos pretos (inspirados na GESTAPO?). Virei a esquina e eles começam a correr em direcção ao Ministério. Segundos depois os activistas estão cercados. Decidem sentar-se e continuar a cantar. Fui dar a volta ao bloqueio e fotografar a polícia, as algemas de plástico e outras "curiosidades".

Quando me apercebo, a televisão checa começa desmontar o material. Achei estranho que exactamente na altura em que tudo parecia ir acontecer a televisão se fosse embora. Os jornalistas, que continuavam junto com os activistas começaram a ser retirados do local. Havia agora uma barreira entre eles e os activistas. Dei numa passagem próxima e corri em direcção ao local onde estavam as pessoas sentadas. De facto, eles estavam do outro lado da estrada mas, mesmo assim, relativamente perto. A polícia começa a cercar as pessoas que estão do outro lado da estrada. Decididamente não queriam testemunhas.

Houve gente que se apercebeu e fugimos ao bloqueio. Entretanto a polícia de choque começa a tirar as pessoas que se encontram sentadas. Os métodos são trocidários e tremendamente covardes. Cada polícia pega num membro de um activista e arrasta-o para as carrinhas. Se fossem homens eram imediatamente socados nos testiculos (tenho fotos que espero pôr no azine assim que volte a Portugal). Os polícias ficam de repente com as carrinhas cheias. Não contavam prender tanta gente. Por baixo das máscaras que usam pode advinhar-se o seu ar de idiotas a perguntarem: "E agora?" Algumas pessoas são mantidas alí. A polícia não sabe como agir. São idiotas ao ponto de deixar pessoas atravessar a estrada e ir buscar sacos e máquinas fotográficas que estavam na posse dos detidos. Um deles consegue, inclusivamente, fugir. Foi o único momento de alegria. As pessoas gritavam coisas em espanhol ou inglês e a polícia não entendia nada.

Um quarto de hora depois estava tudo terminado. Mais de cem pessoas presas, numa manifestação pacífica.

Os que conseguiram escapar pegam nos tambores que sobram e reactivam a festa. A polícia está mais confusa do que nunca. As pessoas movem-se para um jardim perto.

Entretando, reunem para decidir o que fazer. O Ministério parece, agora, "aberto ao diálogo" e manda um "intermediário" que ven acenar com uma série de estatísticas idiotas. Acerca do número de processos existentes, e blá, blá, blá, blá, blá... O pobre parece que não sabe quantas pessoas estão presas mas garante que ao meio-dia o Ministério do Interior vai divulgar o número de detidos por nacionalidade. Alguém o insulta e diz que já são 12h50m.

Entretanto, o Grupo de Observadores Legais Independentes (OPH) lê um comunicado em que reporta os maus tratos dados pela polícia nas esquadras e prisões aos activistas detidos. Muitos são privados do sono, não têm acesso a comida ou água, são espancados e mantidos em grade número em celas tremendamente pequenas.

O intermediário lamenta ter que sair mas não pode participar na reunião sob o risco "de deixar de poder ser intermediário"(SIC).

Neste momento, o grupo de observadores legais tenta conseguir falar com alguém do Ministério do Interior. Talvez o intermediário tenha ido almoçar.

As manifestações de solidariedade para com os presos sucedem-se. A que terminou agora, embora com alguns momentos de tensão, terminou. Muitas das pessoas começam a regressar aos seus países e a contestação, aqui em Praga, tende a diminuir. É muito importante que estas manifestações de solidariedade se espalhem pelo mundo.

Que se ocupem embaixadas, que não se deixe calar os jornais, que não se dê descanso enquanto não estiverem todos os prisioneiros livres.

O presidente da República checa tens os seguintes contactos:
Vaclav Havel
Tél 420 2 24 37 22 35.
Fax 420 2 57 32 04 72.
Email: president@hrad.cz

E a carinha do senhor, óptima para posters:
http://www.hrad.cz/president/Havel/

A moarada do Ministro do Interior, Stanislav Gross é a seguinte: mmf@mucr.cz

Não hesitem em enviar os vossos mimos, seja que idioma for. www.azine.org

@narquista @gnostico...
Viva a sociedade livre, viva o Anarquismo!
http://libertarios.cjb.net

From: Anarkiisto anarquista@yahoo.com
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